sábado, 27 de novembro de 2010

Lá .

Às vezes desejava apenas poder desaparecer.
 
Esquecer de tudo ao redor e fugir. Longe, para bem longe, até que as pernas cansassem e a mente, esgotada, não controlasse mais o corpo.
Encontrar uma caverna, onde os sons do mundo soassem apenas como uma melodia de
fundo.
Esquecer os problemas, esquecer as pessoas e girar. Girar até a cabeça pender  e cair ao
chão frio da minha caverna. Dormir nas entranhas da escuridão. Pingos de chuva do lado de fora.
Por que se torna tão difícil esquecer? Por que parece tão errado?

O relógio insiste em  marcas horas que não são minhas. 
 E o tempo passa sem se fazer notar. Algumas vezes , tão rapidamente, que leva tudo consigo enquanto nos deixa sós.
Adiantou alguma coisa? Esses milésimos de eternidade se esvairam em cinzas. As mesmas que até hoje nos sufocam e causam essa letargia sem fim.
O teu sempre não durou o todo e o amor que prometias não passava de palavras vazias. Estas, sabias proferir muito bem, mas não eram nada em comparação ao que realmente se instalou entre nós.
Valeu a pena? Talvez. Apenas se assim o desejarmos. Mas a lembrança fere, maltrata e
desmerece então ainda a contemos no fundo de nossas almas. Deixa-lo-emos-a intacta para que no futuro possamos avistá-la através da fina bruma que cerca as lembranças intocadas.
Talvez em alguma lugar ainda cantes para mim e poderemos abrir, juntos, a frágil porcelana que protege o nosso passado.
 
Enquanto isso, apenas tento [em vão?] fugir da realidade que me persegue  e procuro
refúgio nas cavernas que aparecem à minha frente.
Dessa vez esqueci o relógio do lado de fora. 
Mas só dessa vez.

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