segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estação Outono .

As folhas amareladas lá fora formam montes indefinidos. 
O mundo do outro lado do vidro parece cativado por uma melancolia singela.
Sentada na escrivaninha, com as mãos manchadas do nanquim que teimam em pintar tudo,
divago. 
As palavras se confundem e tomam conta do papel, da pele, das paredes, de tudo. 
Rabiscos ininteligíveis permeiam o quarto, 
a sala, 
a cozinha.
Os olhos estão vermelhos. As nuvens lá fora não derramam a chuva que invade o quarto
- tinta e lágrimas.
A pia da torneira pinga, os olhos olham e o nanquim borra.
O vento bate, as folhas se mexem na perseguição de um carrossel sem fim.
O calendário parou. Os ponteiros também. Tudo isso desde que você partiu. Já faz tempo. Muito tempo.
A chama da lareira acesa por causa de uma pequena friagem se apagou. O cheiro de madeira queimada paira no ar como uma interrogação: o que faço aqui?
Novamente falando insanidades. Estou divagando.
Minhas folhas caem, virei outono. 
E minhas folhas teimam em cair com a água que verte de meus olhos:
tantas, 
infindas, 
é outono.
                                                                                                                      

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