terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ela .


De fora:
O calor de seu frágil corpo contrastava com a rigidez gélida do piso de mármore branco.
Seus olhos estavam fechados. Dormia? Não sei.
Seus lábios se moviam lentamente, a cantarolar uma melodia com tom de súplica.
Eu a observava de longe.
O tempo não passava.
Sentia a tristeza que emanava por todo seu corpo. O cansaço. A alma ferida de um pássaro engaiolado. As lágrimas surgindo de seus olhos exaustos.
E eu estava de mãos atadas.
Apenas a observava. A via sofrer em silêncio, escondendo-se de tudo e de todos.
Gostaria de segurar suas mãos e lhe sussurrar palavras que confortassem a  alma perturbada. Mas apenas estragaria tudo. Ela só desejava ficar sozinha. E eu não poderia detê-la. Era muito tarde. O relógio marcava as dez da noite.

[meia hora depois]

Seus olhos às vezes se perdiam no infinito. Tinha medo que eles esquecessem o caminho de volta e ela ficasse assim. Para sempre.


De dentro:
Estava sendo observada e bombardeada de perguntas. Gostava de deixar as interrogações assim, como pequenos beija flores imóveis no ar. Cristalizados no vento.
Só queria ficar só.
Mas era em vão.
As risadas, os risos, os gritos, a alegria do mundo entrava por todos os espaços, frestas. E isso eu não podia evitar.
Fecho meus olhos em busca de um refúgio interior.
E é a sua imagem que me vem à mente,
Tudo gira.
Lembro-me quando te vi pela primeira vez. A sensação foi de ter visto o mar pela primeira vez, compreendendo a imensidão e o sentido da vida. E o vento nos cabelos e os respingos de água salgada que alcançavam meus lábios.
Senti um vazio gostoso, onde nada mais parece importar e o mundo está completo.
Hoje penso que seria melhor ter fechado os olhos e corrido. Para bem longe. Afastada da água, do vento, daquele sentimento que se impôs a partir desse dia e até hoje acompanha minhas inúmeras horas de vigília.
[Deveria ter me escondido de seus olhos. Foi tudo culpa deles]
O tempo passou e tudo que restou foram lembranças. O sentimento de vazio aumentava a cada passo que você dava em minha direção. E mesmo assim não recuei, não pude enxergar como isso tudo acabaria. 
Tola e cega.
Preciso de ar. Pareço estar sufocando. Levanto-me do piso frio.Abro as janelas empoeiradas. A luz cega ainda mais meus olhos. Sinto-me cada vez mais fraca e talvez por isso não ouço as vozes daqueles que me avisam do perigo e me pedem para voltar.
A luz apagou novamente. Tateio às cegas à sua procura. 
Na minha frente apenas o vazio.
Está frio. Desejava ter trazido um agasalho. 
Mas já é tarde. Já passa de uma da madrugada.

Os segundos já não são nada. Desisti de tudo para seguir em frente, mas persistirei.
Vou procurar-te. Não importa onde. Quero apenas que me desculpe por isso.
Foi mais forte que eu.



De fora:
Ela sumiu. Mas não vai desistir, acho.


Um comentário:

  1. Q lindooo Carol *-*
    serio, agora eu viajei agora com a historia!!
    Qndo tu ficar famosa nao esquece de mim hahahahaha

    bjos =**

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