quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O tempo passou com uma rapidez inesperada, deixando para trás apenas os ecos de uma  vida esquecida.


Talvez seja tarde demais para reparar os erros de um passado.
Talvez sua a memória persiga os negativos de um filme já gasto, por tantas vezes assistido e lembrado.
Talvez você tenha tomado as decisões certas na hora errada. Ou apenas agiu de maneira incorreta no tempo devido.
São tantas as suposições e tão poucas certezas que tudo parece estar invertido e fora de ordem.
Se afastar se torna a única opção, pois a porta de saída está perdida em meio a densa névoa que cobre o caminho.
O mesmo que lhe levou ao sentimento de infinitude e logo em seguida de perda.
Você mantém os olhos fechados. 
Pior que isso? 
Insiste em mantê-los assim para que não possa enxergar uma realidade que crê não ser suportável. Mas desta irá ser diferente, eu prometo. 
Nada de palavras soltas ao vento.
Nada de sentimentos não demonstrados.
Nada de cartas escondidas debaixo do travesseiro sem nunca terem sido entregues.
Apenas eu.
Você.
E uma velha conhecida desaparecida há tempos:

                                                         felicidade.
 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ironia .


                                                                                                              Para Isaac Sammyr



                                      Na brevidade dos segundos
                            
                                                                                              - o tudo. 

                                      Num cair de pálpebras
                            
                                                                                             - o nada.

                                     E nas pétalas de uma rosa
                            
                                                                                            - apenas o frenesi da vida ...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ela .


De fora:
O calor de seu frágil corpo contrastava com a rigidez gélida do piso de mármore branco.
Seus olhos estavam fechados. Dormia? Não sei.
Seus lábios se moviam lentamente, a cantarolar uma melodia com tom de súplica.
Eu a observava de longe.
O tempo não passava.
Sentia a tristeza que emanava por todo seu corpo. O cansaço. A alma ferida de um pássaro engaiolado. As lágrimas surgindo de seus olhos exaustos.
E eu estava de mãos atadas.
Apenas a observava. A via sofrer em silêncio, escondendo-se de tudo e de todos.
Gostaria de segurar suas mãos e lhe sussurrar palavras que confortassem a  alma perturbada. Mas apenas estragaria tudo. Ela só desejava ficar sozinha. E eu não poderia detê-la. Era muito tarde. O relógio marcava as dez da noite.

[meia hora depois]

Seus olhos às vezes se perdiam no infinito. Tinha medo que eles esquecessem o caminho de volta e ela ficasse assim. Para sempre.


De dentro:
Estava sendo observada e bombardeada de perguntas. Gostava de deixar as interrogações assim, como pequenos beija flores imóveis no ar. Cristalizados no vento.
Só queria ficar só.
Mas era em vão.
As risadas, os risos, os gritos, a alegria do mundo entrava por todos os espaços, frestas. E isso eu não podia evitar.
Fecho meus olhos em busca de um refúgio interior.
E é a sua imagem que me vem à mente,
Tudo gira.
Lembro-me quando te vi pela primeira vez. A sensação foi de ter visto o mar pela primeira vez, compreendendo a imensidão e o sentido da vida. E o vento nos cabelos e os respingos de água salgada que alcançavam meus lábios.
Senti um vazio gostoso, onde nada mais parece importar e o mundo está completo.
Hoje penso que seria melhor ter fechado os olhos e corrido. Para bem longe. Afastada da água, do vento, daquele sentimento que se impôs a partir desse dia e até hoje acompanha minhas inúmeras horas de vigília.
[Deveria ter me escondido de seus olhos. Foi tudo culpa deles]
O tempo passou e tudo que restou foram lembranças. O sentimento de vazio aumentava a cada passo que você dava em minha direção. E mesmo assim não recuei, não pude enxergar como isso tudo acabaria. 
Tola e cega.
Preciso de ar. Pareço estar sufocando. Levanto-me do piso frio.Abro as janelas empoeiradas. A luz cega ainda mais meus olhos. Sinto-me cada vez mais fraca e talvez por isso não ouço as vozes daqueles que me avisam do perigo e me pedem para voltar.
A luz apagou novamente. Tateio às cegas à sua procura. 
Na minha frente apenas o vazio.
Está frio. Desejava ter trazido um agasalho. 
Mas já é tarde. Já passa de uma da madrugada.

Os segundos já não são nada. Desisti de tudo para seguir em frente, mas persistirei.
Vou procurar-te. Não importa onde. Quero apenas que me desculpe por isso.
Foi mais forte que eu.



De fora:
Ela sumiu. Mas não vai desistir, acho.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Annie's Lullaby .

                                                                                                         To Zecharia Cohen


Wear your gloves, little Annie
It's getting cold outside
The fire was put out with the light

                                                                                                                 Wear your scarf, Little Annie
'Cause mom and da' left home
And you'll have to do it on your own

Don't you cry, Little Annie
'Cause your tears will freeze this way
And there are still a few words that are kept unsaid

And maybe someday you'll wake up and see
That was all a lie, was a lie, everything was a lie
And you were just wasting your time

Now keep quiet, Little Annie
'Cause they might hear your voice
I don't blame you, my angel, it wasn't your choice

And try to not fall asleep, Little Annie
There are lost souls screaming your name
I know you're getting tired of it all, but the nightmares will continue the same

I know how it hurts, Little Annie 
I can see it on your broken heart
You're bleeding again, while the walls around you fall apart

Where are your braids, Annie?
Did they come undone with the rain?
Did they disappear with the innocence?
With the fabric dolls and the plastic trains?

And maybe someday you'll wake up and see
That was all a lie, was a lie, just pretty  lies
And now you're running out of time

Is it too late?
Is it?

You're alone, Little Annie, you're alone again

So run, Little Annie, run
Hold my hand and it'll all be gone
Don't stop, and do never look back
Just run, Annie,
                       Run.